A explosão no restaurante Filé Carioca, que ficava no térreo do Edifício
Riqueza, na Praça Tiradentes, no Centro do Rio, completou ontem (13) dois anos,
mas o local continua interditado, prejudicando cerca de 130 condôminos que
mantinham suas atividades comerciais no prédio. Para cobrar providências das autoridades
e demais responsáveis e não deixar a tragédia cair no esquecimento por parte da
sociedade, foi realizada na manhã desta segunda-feira (14) uma manifestação em
frente ao prédio, na Praça Tiradentes, organizada pela recém-criada Associação
dos Condôminos do Edifício Riqueza. O evento reuniu dezenas de pessoas,
entre as quais, diversos Papais Noéis, alunos da Escola de Papais Noéis do
Brasil, cuja sede ficava no quarto andar do imóvel interditado.
Vestidos a caráter ou simplesmente de camisa vermelha e gorro, mas com a
inconfundível barba branca, os Papais Noéis, junto com os condôminos, cantaram
o tradicional ‘Parabéns pra você’ em frente a um bolo, exibiram cartazes
cobrando justiça e entoaram várias canções de Natal, além do conhecido “Ho! Ho!
Ho!”. Também aproveitaram para gritar frases de protesto, como “Queremos nosso
teto” e “El, el, el, revolta do Papai Noel”. Depois de cortado, o bolo foi distribuído
aos pedestres que circulavam pela Praça Tiradentes.
A mobilização foi organizada pela recém-criada Associação dos
Condôminos do Edifício Riqueza, que contratou o escritório do advogado
Marcelo Bento para tomar providências no sentido de liberar o prédio para seus proprietários.
“Os condôminos estão sem nenhum tipo de informação sobre o que acontece com o
imóvel. Por isso, já deflagramos uma cão judicial contra a administração do
prédio para sabermos em que pé estão as obras e o que foi feito com o prêmio do
seguro. Não vemos ninguém trabalhando no edifício e os proprietários da
unidades estão impossibilitados de trabalhar. Não há transparência por parte da
Administração do Edifício Riqueza e queremos que o síndico dê explicações sobre
isso. São mais de 100 unidades e a vida de muitas pessoas está prejudicada por
conta dessa lentidão”, afirmou.
Para o ator e produtor cultural Limachem Cherem, fundador da Escola de
Papais Noéis do Brasil, que em 20 anos de atividades já formou cerca de 500
‘Bons Velhinhos’, a situação dos condôminos é crítica, pois muitos não têm como
nem onde trabalhar e sobrevivem graças a familiares, amigos e ‘bicos’ que
conseguem. “Isso é realmente uma vergonha. Além de não termos como trabalhar
com dignidade, ainda somos obrigados a pagar IPTU e condomínio de um imóvel que
não utilizamos, pois está interditado há dois anos. No meu caso, por exemplo,
eu ainda pago o aluguel pelo uso de uma sala no Hotel Rio’s Presidente, pois
não posso dar aulas aos Papais Noéis no meio da rua. Vamos começar um novo
curso amanhã (15) e tivemos que atender candidatos em um banco aqui da Praça
Tiradentes. Isso é inaceitável. É necessário que a Justiça faça alguma coisa o
mais rápido possível”, disse ele, indignado.
Apesar dos transtornos, Limachem Cherem garantiu que o início do Curso de
formação de Papai Noel está mantido para esta terça-feira, dia 15/10, das 14 às
18h, na Rua Pedro I, 19 (Hotel Rio’s Presidente). “Quem estiver
interessado em fazer a inscrição, basta enviar e-mail para papainoeltapume@gmail.com ou ligar
para o telefone (21) 2532-3066” ,
lembra.
Também revoltado com a situação do Edifício Riqueza, o cabeleireiro
Sérgio Simão, proprietário do Salão Beleza Negra, que funcionava no terceiro
andar do prédio há cerca de 20 anos, aproveitou para protestar de uma maneira
original: atendeu clientes em uma cadeira, em plena Praça Tiradentes. “Não
tenho como pagar minhas dívidas, pois não tenho onde trabalhar. Estamos nessa
situação há dois anos e ninguém faz nada. Somos todos trabalhadores, cumprimos
com nossas obrigações e pagamos nossos impostos, mas as autoridades não nos dão
a mínima atenção”, reclamou o condômino.
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