A
fisionomia denunciava o cansaço, fruto do trabalho intenso na coordenação do
comboio dos Papais Noéis que distribuíram presentes durante toda a madrugada em
vários bairros da cidade, mas o Bom Velhinho Limachem Cherem,
fundador e diretor da Escola de Papai Noel do Brasil, fez, na manhã
desta quarta-feira (25), dia de Natal, seu tradicional passeio pelas ruas de
Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Apesar
de ter sido a 26ª edição do evento, este ano foi ainda mais especial, uma
espécie de agradecimento: Cherem teve um grave problema de saúde ao longo de
2019, mas conseguiu superá-lo e agradeceu fazendo, novamente, a alegria da
criançada.
"Papai Noel este ano
teve um problema de saúde, mas, graças a Deus e pela oração de todos, está tudo
bem e estamos aqui mais um ano, distribuindo presentes e a mensagem maior do
Natal, que é de compaixão e amor ao próximo. Deus quis que eu estivesse aqui. Que
2020 seja com muita alegria para todos", disse o Bom Velhinho.
Cherem
chegou cedo à Casa do Papai Noel, na Rua Dilson Funaro e, com a ajuda da filha,
Sluchem Cherem, preparou-se e, como sempre fez ao longo dos anos, percorreu
diversas ruas do bairro. Em alguns pontos, parou para atender o apelo de
crianças e adultos, que queriam um abraço, um aperto de mão, beijos, tirar
fotos ou apenas ganhar um carinho ou um aceno do Papai Noel em pleno dia de
Natal.
Com bom humor, ele explicou
o motivo de ter usado uma Kombi aberta ao invés da charrete que o acompanhou ao
longo dos últimos anos. "As renas ficaram cansadas por conta da
distribuição de presentes da noite anterior e tivemos de improvisar e arrumar
uma solução de última hora", contou, aos risos.
Durante o passeio, mais um
momento emocionante: o Papai Noel faz uma parada em frente ao monumento em
homenagem às vítimas do ataque à Escola Municipal Tasso da Silveira, local da tragédia que tirou a vida de
12 estudantes, em abril de 2011, assassinadas por um ex-aluno, que se matou em
seguida. Cherem fez uma prece silenciosa, como forma de homenagear os
estudantes e não deixar que este crime bárbaro caia no esquecimento. Hoje, porém, durante o ato pela lembrança dos jovens, uma
senhora sentada na praça ao lado olhava, em silêncio, as estátuas. Era Inês
Moraes da Silva, mãe de Igor Moraes da Silva, que morreu no atentado, aos 13
anos. Após a oração, o Papai Noel foi ao encontro de Inês e os dois se
abraçaram, emocionados.
O ponto
alto do passeio – que percorreu diversas ruas do bairro - foi a distribuição de
300 presentes para as crianças da localidade Jardim Novo, promessa feita há
quase 30 anos. Nascido em Barra Mansa, na região Sul Fluminense, Cherem teve
uma infância humilde e difícil. Por isso, prometeu que iria distribuir
presentes no Natal, como forma de agradecer o que conquistara ao longo da vida.
“No ano passado, quando a Escola de Papai Noel do Brasil completou 25 anos de
existência, considerei que já havia cumprido minha missão. Foram anos seguidos
de alegria, choro e emoção. Não me arrependo de nenhum deles, mas, tenho novos
desafios, além do cansaço natural, que chega com a idade. Neste ano fiquei
doente e me recuperei. E prometi que iria continuar levando alegria para as
crianças de Realengo. E aqui estou eu”, disse ele, com as lágrimas descendo
pelo rosto, após entregar o último presente.
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